sábado, 18 de junho de 2011

e ao longe um sorriso..

Perguntou-me ele porque me sentia assim. Não sei bem o que disse, mas penso não ter respondido.  Voltou a instalar-se entre nós um silêncio amargo, e eu falava mais comigo própria do que com o homem que estava sentado á minha frente!
Ele voltou a insistir, como se me quisesse retirar as palavras da boca. " Fala menina! Vês que depois dói menos. A chuva não dura sempre, tal como a dor ela vai e volta, a vida é um circulo". Sorriu.
Um sorriso simples, mas complexo. Um sorriso velho, mas invejado por qualquer pessoa. Penso tê-lo invejado também.

A princípio pensei que não era nada mais do que a minha imaginação a trabalhar. Com um sobressalto, ele sentiu a minha mão fria tocar no braço dele e aí eu pude ter a certeza que o homem era bem real!
Eu não queria falar! Não queria e ponto final!

No entanto as palavras sairam como se eu as vomitasse e dei por mim a contar-lhe que tudo aquilo eram pequenas mas dolorosas saudades.
"Ah, a saudade..." Não precisou de dizer mais nada.
Por entre lágrimas, vi os olhos dele, o azul mar parecia regressar atrás, procurando na memória a saudade que ele sentia também.
Calei-me. Não havia mais nada a dizer!
Com  um gesto rápido, o velho senhor pediu-me licença, levantou-se e foi-se embora. Eu apenas assenti com a cabeça e levantei-me também.

Ele tocou-me e disse por fim " O teu erro foi ter amado demais" e começou a andar!
Já ao longe, virou-se para trás e lançou-me outro sorriso com o olhar morto, estava absorto em pensamentos. Talvez tivesse sido imaginação minha, mas penso ter sentido em mim palavras que ele atirou para o ar enquanto caminhava sozinho... " O meu também".

CM

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